Atividade sobre Dependências Químicas e Não Químicas.
27 janeiro 2025
11 janeiro 2025
26 outubro 2023
A sua pegada digital é positiva?
Elisabete
Maria da Silva Raposo Freire
Professora
do Departamento de Informática
Faculdade
de Ciências e Tecnologia da Universidade dos Açores
A sua pegada digital é positiva?
Que atire
a primeira pedra quem não liga diariamente o seu smartphone (ou outro
dispositivo) a uma rede da internet. Podemos estar a falar no envio de um
email, o uso de uma aplicação ou uma mera pesquisa no Google. Por mais
insignificante que pareça, ao navegarmos
na internet deixamos um rasto da nossa atividade. A este rasto, produzido pela
nossa atividade online (e mesmo off-line), chamamos pegada
digital ou sombra digital (digital footprint ou digital shadow).
A pegada digital não é mais do que
do que o conjunto de milhões de “indícios” gerados pela nossa atividade online.
E estes “indícios” nada mais são do que dados, uma fonte de informação que
determina o nosso perfil de utilizador. E como se costuma dizer, “informação é
poder”. Por isso mesmo, observamos grandes companhias empenhadas no tratamento
de grandes volumes de pegadas digitais, investindo em técnicas especiais para tratamento
de grandes volumes de informação (Big Data). O objetivo? A produção de informação
útil a vários segmentos de negócio ou, mesmo, a atividades ilegais.
Quem nunca efetuou uma busca por
viagens para determinado destino ou preços de determinado equipamento e, a
partir dessa altura, se viu “bombardeado” por anúncios publicitários do serviço
ou bem que procurou? Isso acontece porque os anunciantes fazem uma segmentação
de anúncios baseada no nosso histórico navegação. Ou seja, monitorizam toda a
nossa atividade online de modo a oferecer-nos o seu produto no momento
certo, que em princípio será aquele em que procuramos produtos daquele segmento
e, assim, aumentarem a probabilidade de o seu anúncio resultar numa compra.
A monotorização da
pegada digital de cada um de nós nestes incide tanto no rastreamento da nossa
atividade como dos nossos dispositivos online. Podemos dizer que se
“alimenta” de forma ativa ou passiva. Contribuímos para a nossa pegada digital
ativa sempre que disponibilizamos intencionalmente informação que nos diz
respeito, o que acontece quando realizamos uma partilha num blog pessoal
ou participamos em sites de redes sociais e fóruns online. Outro exemplo
é a partilha e publicação de fotos de determinados acontecimentos ou momentos, que demonstram o nosso interesse ou participação nesse
evento. O mesmo se diga quanto à partilha das comuns reviews sobre
certos restaurantes/locais ou produtos que adquirimos.
Já a pegada digital passiva constrói-se
com os dados da nossa navegação pela internet, que é registada quer tenhamos ou
não conhecimento explícito sobre isso. Neste âmbito, referimo-nos a endereços
IP; dados de localização geográfica aproximada, os sítios a que acedemos e a
duração de cada visita; pesquisas sobre determinados termos ou os cliques que efetuámos
numa página.
Estima-se que a informação pessoal
identificável on-line, por indivíduo, tenha aumentado 150% nos últimos
dois anos, em parte fruto do aumento do número de pessoas que recorrem à internet
para trabalhar, estudar ou manter ligações sociais, devido aos constrangimentos
resultantes da situação pandémica. O que
significa que neste momento a existência da pegada digital tornou-se uma
inevitabilidade para a maioria das pessoas, sujeitando-as às correspondentes
eventuais consequências positivas e/ou negativas.
A análise da pegada digital permite
traçar o perfil de cada utilizador, perfil este que vai desde o género, zona de
residência, etnia, grau de escolaridade, preferências e ideologias políticas
aos passatempos e situação financeira. É incontornável a crescente influência que
a respetiva “imagem digital” exerce na vida tanto dos indivíduos como das
entidades e empresas. Tornou-se rotineiro que cada vez que queremos conhecer
melhor uma pessoa ou entidade se recorra a umas “buscas” na Internet. Em
algumas situações, ou mesmo profissões, é até fundamental manter uma pegada
digital positiva. Quem irá consultar um médico ou advogado se descobrir que
este possui informação “pouco abonatória” online? Ou contratar um jovem
para um emprego se descobrir que este tem uma conduta nas redes sociais que
denuncia abusos e comportamentos menos adequados? Por vezes o indivíduo em
causa até tem um comportamento correto, mas se alguém mal-intencionado teve acesso
a determinada informação ou imagem, pode manipulá-la e usá-la fora do contexto
para denegrir a sua reputação.
Estando cientes da existência da
nossa pegada digital, podemos minimizá-la e dedicar-lhe alguma atenção,
procurando torná-la positiva, pelo menos nas dimensões que conseguimos
controlar.
Por exemplo, se prezamos a nossa
privacidade convém pesquisar o nosso nome com alguma regularidade no Google e
em outros motores de busca. Desse modo rapidamente temos acesso à parte mais
divulgada da nossa pegada digital, aquilo que qualquer pessoa pode saber
facilmente (sem prejuízo, claro, da existência de outra informação disponível em
redes mais restritas). Devemos analisar o conteúdo disponível e verificar se
existe algum impróprio ou menos agradável e, nesse caso, procurar eliminá-lo.
Se for uma publicação sua, elimine-a, se for de algum amigo peça que ele a
apague. Outras situações poderão ser
mais complicadas de resolver. Poderá ter de fazer um pedido ao administrador do
sítio web ou serviço onde consta a informação. Com os atuais regimes de
proteção de dados pessoais (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados-RGPD),
se for um sítio web nacional ou da União Europeia, em princípio, com mais ou
menos burocracias deve conseguir. Se for um site de países terceiros poderá ser
complicado. Se for mesmo importante, tente e não desista.
Outra medida a adotar é a separação
das contas de atividade profissional das suas contas de perfis sociais. Deve, ainda,
criar uma conta de e-mail apenas para navegar e registar-se em sítios
web que considere menos
seguros. Subscreva apenas as contas e serviços que lhe são úteis. Se deixar de precisar de um serviço elimine
toda a sua informação nesse serviço e anule a sua subscrição.
Tenha também cuidado ao utilizar
redes sem fio de locais públicos ou gratuitas que, normalmente, não implementam
políticas de segurança muito firmes. O cuidado deve ser redobrado ao utilizar
computadores, ou outros dispositivos, partilhados por vários utilizadores. Toda
a sua informação de login e senhas pode ficar acessível a terceiros.
Nos sites que visita, limite a
informação que esse site pode guardar sobre si, fazendo uma boa gestão da
política de cookies.
Reveja a área de “Privacidade” das
suas aplicações e software. É necessária alguma informação de registo, mas
normalmente pode escolher formas menos intrusivas que as opções assinaladas por
defeito.
Cada vez que pensar em publicar um
conteúdo pondere bem se é essa a pessoa que quer que os outros vejam, se isso
não o poderá prejudicar no futuro, se gostaria de ver isso num grande cartaz no
meio da sua rua. Depois de tal ponderação, sugiro que volte a ponderar e só depois,
se for o caso, publique. Porque, mesmo que o apague em pouco tempo, nada impede
que alguém já o possa ter guardado e feito uma cópia dessa informação. Nada
desaparece completamente no espaço online.
Todas estas indicações não são mais
do que meros cuidados elementares. Se realmente tem uma vida online
muito ativa, procure saber mais sobre este assunto e informe-se sobre outras
formas de se proteger. Sempre com a noção de que mesmo um conteúdo dirigido a
um grupo restrito, que temos como confiável, pode extravasar, de modo
intencional ou não, para um público muito mais amplo. A única certeza é que,
uma vez online, nada lhe pode garantir que não fique para sempre online!
A web profunda (deep web) é assim tão obscura (dark web)?
A web profunda (deep web) é assim tão obscura (dark web)?
Elisabete Maria da Silva
Raposo Freire
Professora do
Departamento de Informática
Faculdade de Ciências e
Tecnologia da Universidade dos Açores
A web profunda (deep
web) é assim tão obscura (dark web)?
Se
compararmos a Web a um icebergue, aquilo que para nós seria visível (e
“navegável”) à superfície corresponderia a uma parte ínfima da sua verdadeira
dimensão.
Em
termos simples, o local por onde normalmente “navegamos”, a conhecida World
Wide Web (WWW), constituída pelos sítios e portais indexados pelos mecanismos
de busca a que recorremos diariamente, corresponderia aproximadamente a 4% do
total de conteúdos existentes na rede. É a chamada surface web (web
superficial). Ou então, “ a ponta do icebergue”. É neste local ínfimo que
acedemos a redes sociais, jornais, notícias, páginas institucionais e
empresariais, acessíveis ao público em geral.
Longe
do olho do observador (ou navegador) comum, esconde-se uma enorme superfície
submersa, não indexada nos motores de busca habituais, como o Google, Bing ou
outros que utilizamos no dia a dia. Os conteúdos não indexados são aqueles que
só podem ser encontrados por algum método específico de acesso, como é o caso
dos nossos serviços de correio eletrónico, por exemplo.
É
neste local profundo (deep) que nos deparamos com a web profunda,
vulgarmente conhecida como deep web, à qual se atribuí uma cota estimada
superior a 90% dos conteúdos. A
expressão deep web é frequentemente usada, de forma errónea, para
referir a zona designada por web obscura, ou dark web, muito associada à
ocorrência de atividades menos lícitas, algumas relacionadas com tráfico ilegal
ou terrorismo. Mas engane-se quem assuma que esta profundidade acarrete
necessariamente um cariz obscuro.
Na
verdade, a deep web deverá ser encarada como os bastidores da Internet,
onde se albergam as informações fundamentais à manutenção da própria rede, para
além de outros dados cruciais que apesar de não acessíveis ao público em geral,
são alcançáveis por quem a eles tenha acesso, por endereço e credenciais
autorizadas.
Embora
não esteja indexada pelos motores de busca e nem todas as áreas estejam
acessíveis ao público, poderemos sempre aceder às partes que nos digam
respeito, ou que nos interessam, mediante o uso das credenciais que nos forem
atribuídas para o efeito, bastando, para isso, o acesso um navegador de
internet comum.
Na
sua maioria, a deep web é composta por páginas e bases de
dados de organizações que se destinam a um grupo restrito de pessoas. Para ter
acesso é preciso ter informação sobre o seu endereço exato (URL - Uniform
Resource Locator), assim como dados de utilizador válidos. Lá albergam-se
as redes privadas das empresas (intranets), informação dos registos académicos
dos estabelecimentos de ensino, documentos e recursos governamentais, dados
médicos ou os registos de transações financeiras. É aí que fazemos,
por exemplo, as nossas operações bancárias ou a gestão da nossa situação
fiscal.
Desta
grande percentagem correspondente à web “escondida”, estima-se que apenas 6%
dos conteúdos constituam a web obscura, ou dark web, conhecida pela
sua relação com atividades ilícitas e/ou criminosas. O seu acesso é restrito e
disponível apenas para utilizadores que usam ferramentas específicas, como por
exemplo o navegador (browser) Tor - The Onion Router, o roteador cebola,
numa alusão às múltiplas camadas da cebola como as múltiplas camadas de codificação
que usa. O acesso e utilização desta zona da web pressupõem um conhecimento e
perícia informática acima da média.
Efetivamente,
trata-se de uma área da Internet que não é regulada e onde as mensagens são criptografadas
e usam rotas propositadamente “complicadas” para impedir (ou pelo menos
dificultar) que se identifique a origem e o destino da mensagem. O objetivo? O
anonimato dos envolvidos, claro. Pelo que não é surpreendente que seja
frequentemente associada a práticas ilegais. Saliento, não é propriamente uma
zona onde se deva entrar, ou permitir que os nossos filhos entrem, de ânimo
leve, pois a sua utilização envolve grandes riscos para os utilizadores menos
experientes e menos cautelosos. Contudo, a maioria dos mais de dois milhões de
utilizadores diários do Tor usam o navegador para atividades completamente
legais. Isto porque a inexistência de controlo ou censura torna-a um meio
apelativo para a liberdade de expressão, à margem do controlo das grandes
empresas ou, até mesmo, de um país onde a liberdade de expressão e a circulação
de informação seja censurada e/ou filtrada pelo poder político.
Com
a possibilidade do anonimato, ocultação da localização do utilizador e a
garantia da confidencialidade das mensagens trocadas, a dark web tem-se
revelado um importante aliado na proteção da privacidade e liberdade de
expressão de ativistas e jornalistas. O que, num primeiro momento, pode até
parecer trivial para os residentes em países democráticos com tolerância pela
liberdade de expressão, consiste, na verdade, numa mais-valia para as
populações de países sujeitos a regimes opressivos, possibilitando o contacto
com a realidade exterior e obtenção informação não censurada. A dark
web constitui, também, uma importante ferramenta de trabalho de
investigação para entidades policiais e de combate ao crime.
Aqui
chegados, não podíamos deixar de referir que, atendendo à conjetura conturbada
que atravessamos, estes atributos e características tornam o recurso à dark
web um instrumento útil para comunicações em tempo de guerra.
Efetivamente,
o início do desenvolvimento do Tor, em meados dos anos 90, foi feito por
investigadores americanos em parceria com o Laboratório de Pesquisa Naval dos
Estados Unidos, com o objetivo de proteger as comunicações on-line dos serviços
secretos dos EUA e ter uma forma segura e anónima de “esconder” assuntos
sigilosos na rede. Posteriormente, juntou-se ao seu desenvolvimento a Agência
de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa norte-americana, DARPA - Defense
Advanced Research Projects Agency. O projeto Tor, responsável pelo
desenvolvimento do navegador Tor, continua a sua atividade nos dias de hoje, e
tem vindo a empenhar-se em objetivos impulsionadores dos direitos, liberdades e
garantias humanitárias, criando e implementando tecnologias de anonimato e
privacidade gratuitas e abertas.
Por
todas essas razões, dark web sim, mas com cautela.
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