Recurso para a disciplina de inglês.
12 novembro 2021
11 novembro 2021
Recursos Google Forms
Os trabalhos apresentados são as tarefas elaboradas pelos formandos, desde 2020, dos cursos: N.O.O.C. O Google Forms na Avaliação para as Aprendizagens, quatro edições, e O Google Forms na Avaliação para as Aprendizagens. Os questionários podem ser usados de imediato, após a cópia para o seu Google Drive, onde poderão ser editados e alterados. Organizámos os trabalhos por grupos de lecionação e serão atualizados regularmente. A ideia é partilhar materiais e, assim, facilitar a nossa prática letiva. Não fez a nossa formação, mas gostaria de partilhar os seus questionários do Google Forms com os docentes dos Açores? Não há problema! Pode partilhar os seus trabalhos enviando-os para freire.jose@gmail.com
Neste momento só apresentamos 5 recursos para o Grupo 300. Brevemente será enriquecido com materiais de outros grupos disciplinares.
10 novembro 2021
09 novembro 2021
08 novembro 2021
05 novembro 2021
ProSucesso
Há silêncios ensurdecedores!
A Região Autónoma dos Açores continua a ser uma das regiões mais pobres e menos desenvolvidas de Portugal e da Europa. Todos os indicadores e estudos apontam para este facto. De igual modo, todas as soluções para resolver esta fragilidade, na opinião de todos, coisa rara, referem o pilar da Educação como a única ferramenta que pode colmatar esta realidade.
Em 2015, indo
ao encontro deste problema, foi implementado nas escolas da região o Plano
Integrado de Promoção do Sucesso Escolar - ProSucesso.
Foi um projeto
que, estranhamente, não obteve, no contexto dos partidos políticos, grande objeção
nem críticas. Até agora!
As recentes
eleições criaram uma nova realidade política. Os novos governos precisam de encontrar,
no passado recente, falhas e erros para não poderem, de imediato, fazer mais,
melhor e diferente!
Ao longo dos
anos os relatórios e as análises efetuados à implementação do ProSucesso,
mostravam melhorias nas taxas globais de progressão e um recuo nos indicadores
de retenção dos alunos. O objetivo final era reduzir as taxas de abandono escolar
precoce, pois apresentávamos as maiores taxas a nível nacional, e acabar com o
flagelo dos “nem-nem”!
Mas havia que verificar,
através de uma comissão de avaliação externa (C.A.E), a validade destes
resultados. Assim, em março de 2021, foi contratualizada com uma equipa de docentes
do Departamento de Matemática da Universidade dos Açores, liderada pelo
professor associado João Cabral, a avaliação externa do ProSucesso, por 13.000
euros. Estranhamente, ou não, nesta equipa não houve espaço para nenhum
doutorado em estatística do referido departamento! Não queriam certamente que
este relatório se limitasse a «lançar gráficos informativos, “bombeando
descrições de leituras” quase diretas.».
Deste modo,
foi adaptado à realização deste relatório um modelo Fuzzy, o modelo 𝜓
(psi). Este modelo foi usado anteriormente, pela consulta de alguns
trabalhos, nas áreas do turismo e gestão.
Na educação
foi a primeira vez que o modelo 𝜓 foi aplicado. De
facto, é um modelo recente, desenvolvido por um dos elementos da C.A.E., que
ainda não obteve grande validação pela comunidade científica da área.
Sendo esta a
primeira vez que este projeto iria ser alvo de uma avaliação externa, deveriam
ter sido utilizadas, pela S.R.E., na minha opinião, ferramentas que já tivessem
sido validadas em contextos semelhantes.
Para além da
aplicação do modelo 𝜓, a comissão iria, ainda, basear-se: “i) na
consulta de toda a documentação, não relatora, disponibilizada pela SRE
relativa ao ProSucesso; ii) na análise detalhada, usando a metodologia Fuzzy,
de todos os relatórios já existentes; iii) na análise dos resultados de um
construtor preenchido por todos os docentes das escolas da Região Autónoma dos
Açores; iv) em informações adicionais prestadas, por consulta da CAE, à
Comissão Coordenadora do ProSucesso; v) em recolha de informação direta,
através de contactos com grupos de professores e escolas; vi) em contactos com
grupos de alunos, pais e encarregados de educação; vii) no preenchimento de um
construtor pelos professores das escolas da Região Autónoma da Madeira, para
servir de grupo de controlo, e de certa forma validar de forma mais eficiente,
e célere, toda a informação que seria analisada pelo construtor que fora
submetido nos Açores.”
Mas a
C.A.E. não conseguiu cumprir este plano de trabalho. Assim, começam aqui, no
meu entender, as fragilidades deste relatório.
A primeira
falha é, sem dúvida, a pressa e o pouco tempo dedicado a este estudo. A C.A.E. tem
consciência disso, refere-o várias vezes.
Ainda no campo
do diagnóstico, e num espírito de consulta de todos os intervenientes na
educação nos Açores, por que não foram ouvidos o Conselho Científico do ProSucesso
(teriam facilmente justificado cientificamente a criação deste projeto), a
Comissão Permanente do Ensino Público, o Conselho Coordenador do Sistema
Educativo e a Inspeção Regional da Educação?
Mas a pressa e a falta da testagem do modelo
trouxeram outras lacunas bastante graves, no meu entender. Dos sete
pressupostos que eram a base de construção do relatório, os três últimos não foram
desenvolvidos, a saber: contacto direto com professores, alunos, pais/encarregados
de educação e a criação de um grupo de controlo. Este último, para testar e
validar a adaptação do modelo 𝜓 à Educação. Com
esse objetivo foram encetados contactos com a Região Autónoma da Madeira. Este grupo
de controlo nunca foi criado devido às “falhas de comunicação entre a Direção
Regional de Educação da Madeira e as escolas.” Mas rapidamente o modelo 𝜓
foi corrigido e adaptado para colmatar a falta de contacto direto com os alunos,
pais, professores e a inexistência de um grupo de controlo.
Umas das críticas da C.A.E. aos relatórios do
ProSucesso é «A não exploração, de forma mais assertiva da secção “A voz dos
alunos”, podendo-se ter implementado também a “voz do professor” e a “voz do
encarregado de educação”». Provavelmente, os relatórios do ProSucesso não foram
assertivos na voz dos alunos e dos encarregados de educação, mas o relatório da
C.A.E. foi completamente omisso em ouvir estes intervenientes! Recomenda, mas
não faz!
Mesmo com estas
falhas e omissões, temos um relatório que afirma de forma categórica que os
bons resultados obtidos nos últimos anos teriam existido na mesma sem o ProSucesso!
E sem a existência de um grupo de controlo!
Desde quando
se criam construtores/inquéritos que vão avaliar o trabalho de milhares de
professores nos últimos anos nos Açores sem serem testados primeiro e haver um
grupo de controlo?! Nos Açores.
Os projetos
são os seus resultados, ou pelo menos deveriam ser. Não nos Açores! Somos mesmo
extraordinários! Quando temos indicadores positivos que podem servir de
motivação e de exemplo numa área crítica do desenvolvimento regional, a Educação,
vamos a correr criar uma comissão que anule, descredibilize e confunda esses
resultados.
Em Educação
não existem projetos perfeitos, existem dinâmicas melhoradas no seu dia
a dia. Se o ProSucesso é um projeto perfeito? Claro que não, nem nunca teve
essa pretensão. Com este, ou outro nome, a região tem de ter ambição e
desenvolver dinâmicas que motivem os alunos para o conhecimento e evitem o
abandono escolar. Isto só se consegue com pedagogias ativas e com muita
formação e acompanhamento dos professores e das escolas.
Uma das falhas,
mais uma, no meu entender, deste relatório é o número de docentes que responderam
aos inquéritos, construtores, e a maneira como se validou a amostragem efetuada.
Os relatores
partiram de um valor de referência para o universo mínimo de 4.400 docentes. A
título informativo, no ano letivo 2019/2020, lecionaram na região 4.991
docentes e educadores de infância. Com este valor de referência, 4.400, e com
um valor médio, aos três descritores/inquéritos, de 500 respostas, a C.A.E. estima
uma ordem de participação de 18% a 20%! No meu entender, um valor extremamente
baixo para se poderem tirar conclusões inequívocas. Não terá havido uma extrapolação um tanto forçada
dos resultados e conclusões?
Algumas das
razões por que os docentes não participaram e colaboraram no preenchimento dos
inquéritos foi porque muitos professores não os perceberam, por estarem no
final de um ano letivo e por alguns terem dúvidas em relação ao anonimato dos
mesmos, já que era solicitada a identificação da escola, grupo de lecionação e
idade!
Durante a
leitura do documento ficamos confusos com algumas afirmações que nos levam a
duvidar das conclusões apresentadas, por exemplo: «Pelas informações que a CAE
conseguiu recolher, por aquilo que é mencionado em todos os relatórios, apesar
de haver um ou outro registo resultante de um orgulho exacerbado, é aceitável
dizer e concordamos, de forma geral, com a apreciação da Avaliação Interna que
foi sendo feita. As dinâmicas, após o quarto ano de implementação do
ProSucesso, já decorriam de uma forma fluida e consistente, existindo uma
perceção dos processos bastante elevada por parte dos membros da comunidade
educativa.»
Mais, se a C.A.E.
considera que o «período temporal ainda é muito curto para se comprovar a
correlação positivada da evolução» dos resultados com o ProSucesso, como pode
considerar que não é o suficiente para concluir que não «houve sucesso com o
ProSucesso»?
Em relação aos
Prof DA de matemática, no 1.º ciclo, o trabalho desenvolvido foi extraordinário
e em muito deve orgulhar os Açores. Muito mais haveria a dizer, mas fica para uma
próxima oportunidade. Pode ser que o silêncio se quebre!
Referir que,
no 3.º ciclo, não existiu acompanhamento científico é uma enorme desrespeito e de reconhecimento do trabalho desenvolvido pelas docentes Nélia
Amado e Susana Carreira da Universidade do Algarve. São uma referência ao nível
nacional na didática da matemática.
Tendo em conta
estas falhas e omissões, tenho de concordar com esta comissão quando diz:
«O relatório não é perfeito», muito longe disso.
No entanto, este
trabalho deve ser apresentado nas escolas e discutido nos seus órgãos. Levanta
algumas questões que devem ser analisadas e ponderadas em termos de dinâmica de
projeto. Para isso o relatório deve chegar a todos os professores. Muitos só o
conhecem do resumo da comunicação social, ainda não o receberam. Tirar
conclusões pela cabeça dos outros, é sempre perigoso.
Em conclusão,
a pressa e a ânsia de apresentar o resultado, a proximidade com muitos
protagonistas do projeto na Universidade dos Açores, a aplicação de um modelo
experimental não testado na Educação, algum «orgulho exacerbado» e a falta de
diálogo, efetiva, com todos os protagonistas do ProSucesso, fazem deste
relatório um documento que deve ser analisado e interpretado com algum cuidado.
Mas claro,
esta é a minha opinião!
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